Por Carolina Delboni
09.08.21
Bem-vinda a parcela da população feminina com mais de 40 anos que se enquadra no time das mulheres que têm incontinência urinária. Somos 35%, segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia e, infelizmente, este é o nome que define o momento glorioso em que você espirra e escapa aquele xixi na calcinha. Mas não é só de espirros que vive uma mulher com a tal da incontinência.
A coisa pode ser muito pior. Tosse, uma gargalhada ou uma risada “descontrolada”, um belo de um porre, atividade física e festa de criança. Isso mesmo: festa de criança é um perigo e eu já te conto o porquê.
Aniversário da minha sobrinha e minha irmã marcou num daqueles parques de cama elástica. Me avisou “vem de calça pra você poder pular também, hein”. Lá fui eu, naquele look legging-camiseta pra me jogar na diversidade de pula-pulas. Mas o que ela esqueceu de me avisar é que eu deveria ir de absorvente também. Pois é... bastou meia dúzia de pulinhos tímidos pra escapar o xixi na tal da legging.
Acabou a festa? Quase. Nada que a gente não resolva com o famoso papel higiênico, mas vamos combinar que a brincadeira acabou, né? Achei um banquinho pra me sentar e queria matar minha irmã que ria da minha cara dizendo “ah! verdade, esqueci de avisar esse detalhe”. Detalhe?! Incontinência urinária é uma realidade para as mulheres muito antes da gente atingir a vida plena da terceira idade.
Gravidez, parto normal, menopausa e mais algumas explicações médicas nos colocam na prevalência da doença. Sim, além de tudo isto, incontinência é classificada como doença. Não é normal escapar xixi. E eu tenho que confessar que morro de medo de envelhecer e usar fralda geriátrica.
Toda vez que vou à farmácia e me deparo com aquela prateleira insólita de AdultCare, UltraCare e Plenitud (esta parece ser a Johnson para bebês), eu estremeço. Meu cérebro me trai e constrói cenas de terror em que estou no banheiro, de pernas abertas, colocando a fralda pra sair. Já imaginou a cena?
Não queira. Recomendo. Trabalhe seu cérebro antes que ele chegue onde o meu foi capaz de. Artigos acadêmicos, estudos e médicos também fazem suas recomendações: fisioterapia para fortalecer os músculos do assoalho pélvico. São aqueles exercícios de contração que os ginecos sugerem a gente fazer naqueles “momentos em que você está fazendo nada”.
Quando a gente faz nada, me diz?! Na lei do mínimo esforço – ou da objetividade – resolvi me entregar aos esforços das 11 mil contrações por sessão do aparelho Emsella. Diz que depois de 8 sentadas na cadeira, é capaz de reduzir em 95% a escapada de xixi. Estatísticas de quem comercializa o negócio, mas tá cheio de estudo comprovando a eficácia e minha super ginecologista e comadre dra. Diana Vanni foi categórica no resultado. Esperar pra quê?
Só sei que não quero envelhecer e me tornar cliente de qualquer uma das marcas de fraldas geriátricas. Morro de medo deste momento e cá estou em busca de uma solução nessa vida maluca-pandêmica. Porque quando essa coisa toda passar, quero me acabar numa pista cheia de amigos queridos, dançando até o pulmão inflar como diz minha cúmplice Juliana Pinheiro Mota. Sem absorvente, sem risco de borrar o look.
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